top of page

Bolsonaristas atentos com ameaças dos black blocks


O fim de todos os acampamentos espalhados pelo Brasil, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, é um incômodo, mas não chega a ser uma ameaça para os bolsonaristas acampados em frente ao Palácio Duque de Caxias, nos arredores da Central do Brasil - Centro do Rio de Janeiro. Na tarde desta segunda-feira (09), com a presença de soldados do exército e agentes da Polícia Federal, os bolsonaristas com cara de pouco amigos, deixavam um recado claro:“Podem desmontar o acampamento, mas não vão conseguir nos desmobilizar, nos silenciar. Vamos continuar vindo aqui e nos manifestando”.

Se havia uma coisa que, de fato, parecia causar preocupação ao grupo era um recado vindo dos black blocks ameaçando que que seriam expulsos na base da porrada se não levantassem acampamento e insistissem em fazer manifestação. Ninguém, entretanto, parecia disposto a falar sobre o assunto. Se a ameaça vinda dos black blocks era abstrata, a decisão judicial era concreta, tinham que sair e já não podiam fazer mais nada.

Um reduzido número de manifestantes permaneciam no local. No meio do acampamento uma homenagem ao guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho falecido recentemente


Embaixo de uma chuva fina, que causava um certo desânimo, os manifestantes iam levantando acampamento organizando e guardando seus pertences – roupas sujas, mantimentos, dezenas de caixas de isopor, dominó, baralho, – e, deixavam para trás muito lixo e centenas de palhetes – armação de madeiras. Não haviam sorrisos nas faces ou qualquer sinal de esperança no ar. Para piorar, eram motivos de chacotas vindas de todos os lados.

Passa um homem de moto e grita: Vão trabalhar seus vagabundos. Patriotários de merda”. Um morador em situação de rua às gargalhadas com a mão direita levantada e os dedos em riste fazendo o L provoca: “É Lula. O mito de vocês tá lá nos EUA fazendo conchinha com o Trump. Vocês se fuderam vão sair do acampamento direto para o xadrez, seus babacas. Um rapaz negro e bem forte completa: “Chamem os picaretas do Edir de Macedo e Silas Malafaia pra rezar pra vocês seus trouxas”.

Uma mulher branca de olhos castanhos de aproximadamente 50 anos, com cara de poucos amigos, que aparentemente exercia um liderança, sobre os cerca de 100 manifestantes que permaneciam no local agia como porta-voz comentava com outras quatro mulheres: “Eles pensam que podem nos calar, mas não podem. Temos o direito de mostrar nossa indignação contra o “Luladrão”, contra esse STF de merda que é um braço da esquerda e foi comprado. Ele sabem que com uma intervenção militar toda essa boa vida acabaria.

Quando perguntada se o grupo se sentia abandonado ou traído pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ela diz que não:

- Todos sabemos que o Bolsonaro é um ogro, sem imaginação e articulação. Ele foi a possibilidade que tínhamos, mas seu tempo já passou. Sua passagem foi útil, pois possibilitou a direita se organizar, a mostrar a cara. Temos agora que encontrar uma nova liderança e já existem bons nomes como os de Zema - governador de Minas -, que é um conservador e não tolera a esquerda e Tarcísio que ganhou em São Paulo é um nome de direita e muito mais articulado e lúcido que Bolsonaro. Nós temos lideranças para as próximas eleições a esquerda não - completou

Muitos palletes, sujeira e água. É o fim do acampamento bolsonarista


Observo um homem negro, franzino, também com aproximadamente 50 anos que um pouco mais afastado, ouvia as declarações da mulher. Em alguns momentos balançava a cabeça positivamente e em outros com ar de reprovação. Ele me olha fixamente, me aproximo e indago: o senhor acredita que o que aconteceu em Brasília pode colaborar para o fim das manifestações...

O senhor me interrompe, não me deixa concluir e prontamente responde:

- A Globo lixo agora chama os manifestantes de terroristas e a justiça começa a fazer uma caça às bruxas. Não importa quem fez e quem não fez, todos seremos condenados e alguns duramente penalizados. Querem vender a ideia de que somos loucos, evangélicos fanáticos, aIienados, quando só estamos fazendo uma coisa que deveria ser dever de todo cidadão, que é defender a pátria. Estamos tentando proteger o Brasil contra o comunismo, a anarquia, a falta de valores morais e de figuras como o Lula, que é um ladrão e contra o Dino que é um comunista assumido. Os manifestantes foram à Brasília e quebraram os símbolos da roubalheira. Quando esses vagabundos roubam e saqueiam o pais, ninguém os chama de terroristas. Olhe para os ministros que o Lula escolheu, alguns deles, com ficha corrida na polícia. Esse orçamento secreto que a turma do PT ajudou a aprovar é um roubo. O Bolsonaro não é a liderança que queríamos, mas é a liderança que temos. A direita se organizou, mostrou sua força e agora fica muito fácil para nos unirmos a uma pessoa que, de fato, represente nossos sonhos e desejos. O momento da direita chegou e vamos ver isso já nas próximas eleições para prefeito - afirma

De saída do acampamento encontro uma ex-professora que é figurinha carimbada em todas as manifestações favoráveis ao presidente Bolsonaro. Ela sorri e me cumprimenta. Aproveito a deixa para saber se mesmo com o fim do acampamento as manifestações vão prosseguir e se os comentários sobre os black blocks procedem. Ela ao que parece, me confunde com alguém de sua relação e responde:

- Sim as manifestações vão continuar. Não queremos descumprir um decisão do STF e nem confrontar a justiça. Amanhã vamos nos reunir para traçarmos novas linhas de ação e na quarta às 9 horas da manhã estaremos aqui. Se você não puder vir pela manhã, venha à tarde. Mas chegue com cuidado e evite usar a camisa verde e amarela ou se proteger com a bandeira, pois fomos ameaçados pelos black blocks que prometeram vir aqui, ocupar a praça e nos expulsar. Já fizemos uma reunião e se vierem estamos preparados, o pau vai cantar - comentou.


Sarau Rio



댓글


bottom of page