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Virgilio Virgílio de Souza

Eduardo Paes cancela carnaval de 2022


Blocos e Ambev colocam Eduardo Paes em “xeque mate”

Independente do parecer do Comitê Cientifico a tendência era que muitos blocos não desfilariam. Por outro lado, AMBEV cobrava uma definição sobre os desfiles


Após reunião com representantes dos blocos prefeito optou por cancelar o carnaval de 2022


Acuado pelos blocos que diante da indefinição de que se haveria ou não carnaval ameaçavam não desfilar e pressionado peã AMBEV patrocinadora do carnaval de rua da cidade, o prefeito Eduardo Paes não teve outra alternativa a não ser cancelar o carnaval de rua desse ano. A razão do cancelamento é em decorrência do aumento de infectados pela variante Ômicron do Coronavírus e os muitos casos do vírus da influenza. A decisão ocorreu após um encontro do prefeito, o secretario de secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz e representantes de alguns dos principais blocos da cidade.

Em live postada após o encontro Paes afirmou que "não será possível" realizar o carnaval de 2022 nos moldes tradicionais: "Acabei de ter uma reunião com o pessoal dos blocos de rua e a gente comunicou a eles que o carnaval de rua nos moldes que eram feitos até 2020 não acontecerá em 2022. Infelizmente, e eu falo como prefeito que gosta do carnaval e como cidadão, isso não será possível. É muita coisa envolvida, principalmente quando se trata de logística e segurança. É importante que todo o planejamento fosse realizado com antecedência para o Carnaval de rua, o que não conseguimos garantir neste momento".

O prefeito disse ainda, que a prefeitura chegou a sugerir que os desfiles dos blocos fossem realizados em apenas três pontos da cidade, que seriam determinados pelo representantes do blocos, mas a proposta não foi aceita. Também foi rejeitada a proposta da realização do carnaval no Parque Olímpico. Nos dois casos, haveria a possibilidade de se fazer o acompanhamento dos passaportes de vacinação de todas as pessoas presentes nos locais. Segundo o prefeito as propostas não foram aceitas porque há uma grande relação dos blocos com os seus territórios. Há toda uma história", afirmou.

A presidente da Sebastiana – Associação de blocos do Centro, Zona Sul e Santa Teresa -, que participou da reunião declarou ao portal UOL que os blocos não podem ir em sentido contrário à ciência e colocar em risco a vida dos foliões:

- A situação ainda não permite os desfiles, então está resolvido. Não podemos ir contra a ciência e colocar em risco a vida dos foliões”.

Já antes da reunião que ocorreu com o prefeito, alguns blocos pensando na segurança dos foliões e de seus integrantes, se valendo da decisão do governador Cláudio Castro e do próprio prefeito Eduardo Paes que liberaram o carnaval da Marques de Sapucaí, estudavam a possibilidade de realizar eventos em espaços fechados que permitissem apenas a entrada de pessoas imunizadas. Porém essa possibilidade atende apenas a uma pequena parcela dos blocos mais organizados e estruturados e atingirá em cheio os blocos de menor porte, uma vez que estavam previstos 620 desfiles de 506 blocos na cidade, antes, durante e após os dias de carnaval.

O Bloco da Bola Preta criado há 103 anos e um dos mais tradicionais da cidade, que chega a levar 2 milhões de foliões para a Avenida ficará mais um ano sem desfilar


A encruzilhada do prefeito

Tomar uma decisão sobre a realização ou não do carnaval de rua do Rio de Janeiro deve ter tirado noites de sono de Eduardo Paes e do denominado Comitê de Ciências criado para monitorar as mais diversas atividades na cidade em tempos de pandemia. Amante da festa, por um lado o prefeito vinha sendo pressionado pela Ambev, patrocinadora do carnaval de rua da cidade que exigia uma definição se haveria ou não desfile dos blocos. Por outro lado, independente do parecer do Comitê Cientifico da Prefeitura dar ou não sinal verde para os festejos, não havia a garantia de que todos os blocos acatariam a decisão e realizariam seus desfiles.

No carnaval de 2021, no auge da pandemia os blocos numa demonstração de consciência política e social foram os primeiros a bater o martelo e desistirem de seus desfiles. Em 2022 poderia não ser diferente. Diante de todas as indefinições e com o aumento da variante Ômicron e da Gripe Influenza a tendência é que muitas agremiações desistiriam de ir para as ruas. Até aqui, Banda de Ipanema, Bloco Bafafá e o Bloco da Preta alegando falta de segurança e garantia para os foliões já jogaram a toalha.

Diante do avanço avassalador da Ômicron no mundo e sua eminente chegada ao Brasil, decidimos cancelar o Bloco Bafafá em 2022”. Nossa consciência fica mais tranquila e contribuímos para não proliferar o vírus...

Ricardo Rabelo - presidente do bloco

Bloco Bafafá, Banda de Ipanema e Bloco da Preta se anteciparam e desistiram do carnaval

“Decidimos cancelar o desfile mesmo porque seguindo as medidas de proteção, como vacinação da população, uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social, os riscos de contaminação ainda permanecem altos. A alegria do carnaval não pode conviver com o medo de contágio”,

Cláudio Pinheiro - Presidente da Banda


Tanto o prefeito quando os presidentes da ligas de blocos sabem que muitos desses blocos, principalmente, aqueles com tradição em seus bairros e cujas diretorias são contrárias ao negacionismo e demonstram estar em sintonia com a ciência, em nome da segurança e da saúde iriam recusar. Blocos antenados com a realidade, a exemplo do Carmelitas, (Santa Teresa); Prata Preta, (Gamboa); Escravos da Mauá (Largo de São Francisco da Prainha) Imprensa Que Eu Gamo (Laranjeiras), Céu na Terra (Santa Teresa) e Cordão do Boitatá (Praça XV) dentre muitos outros, seguramente, aguardariam até o último minuto para uma definição da realizaçãor ou não seus desfiles.

Cordão do Boitatá, Carmelitas e os muitos blocos que desfilam na Lapa, dentre eles, Kizomba e Carioca da Gema aceitariam desfilar com o aumento de casos de ômega e Influenza? Essa a questão...


Pedro Ernesto presidente do Bola Preta disse que aguardaria até o ultimo momento uma decisão do Comitê Cientifico, mas que a diretoria do Bola estaria atento aos números e aos crescimento da pandemia e da gripe influenza: “ O Bola Preta é um bloco que surgiu no carnaval, que tem uma sintonia total com a cidade e é reconhecido pela força de seu carnaval e seria lastimável não haver a realização do festa. Respeitamos a ciência e vamos acompanhar a decisão do Comitê Cientifico” – Afirmou. Mesmo raciocínio tem Alvanísio Damasceno presidente do Carmelitas um dos blocos mais populares da cidade e que integra a Sebastiana. Ele deixa claro que a decisão de desfilar ou não estará critério da direção de cada um dos blocos:

- Até segunda ordem, nós acreditamos no Comitê Cientifico, mas vamos avaliar caso a decisão se for pela liberação. Se houver veto, aceitaremos sem discutir; se houver liberação, vamos ver como essa liberação é fundamentada e decidir se acatamos ou não.


Ambev coloca Prefeitura contra a parede

Não bastasse a posição dos blocos que começam a desistir do carnaval a Ambev, que é patrocinadora do Carnaval de rua do Rio, vinha cobrando uma posição da Prefeitura – chegou a estipular um prazo até essa quinta (05/01), solicitando uma definição de que se haveria ou não carnaval de rua. O documento enviado pela AMBEV data de 20 de dezembro de 2022, mas só foi divulgado nesta segunda (03/01).

A notificação foi enviada à presidente da Riotur, Daniela Maia, ao prefeito Eduardo Paes; e a Jomar Pereira da Silva Junior, representante da Dream Factory empresa responsável pelo carnaval de rua. O despacho, é solicitado pela empresa CRBS S/A, integrante do grupo Ambev, que, ”na hipótese de cancelamento ou alteração no formato do evento, seja realizada uma reunião para tratar de aditivo contratual para renegociação dos termos do patrocínio”.


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