Eduardo Paes ignora o direito de dormir
- Virgilio Virgílio de Souza
- 2 de jul. de 2022
- 4 min de leitura
Volta e meia tudo volta e o prefeito Eduardo Paes no silêncio da madrugada, e tomado por seus fantasmas e pensamentos perturbadores, desconexos, e se sentindo (per)seguido por lembranças que, ainda hoje, causam calafrios e incômodos noturnos diante de questões que se confundem e fundem o cabeção...
Questões que não querem calar:
a primeira:
“como fui perder a eleição de 2018 para Wilson Witzel?
A segunda:
“Como Pedro Paulo, meu parceiro, amigo de fé, irmão, camarada, que apoiei com todas forças perdeu a eleição de 2016 para Crivella”?
A Terceira
“Porque Felipe Santa Cruz que apoio para governador não decola e tem apenas 1% das intenções de voto?
Para pessoas mais próximas, a apatia de Eduardo é decorrente da tal “Síndrome Pós- Covid”. A psicóloga, psicanalista e sexóloga Martha Suplicy já deu a dica: “não adianta somatizar tem que normatizar, aceitar, relaxar e gozar”. Um amigo desses metidos a sabichão, garantiu que insônia e prostração do prefeito é coisa da andropausa. De nada adianta, o homem continua se sentindo amuado, um patinho feio perseguido por seus fantasmas noturnos.
Ah... simpaticíssimo administrador que sempre tira onda e cheio de marra fala do orgulho de ser prefeito do Rio, portelense, vascaíno e amigo de “Seu” Zé. Um político que tenta vender a imagem de um verdadeiro Carioca da Gema. O prefeito perfeito.
Dudu meu camarada, se toque, o carioca não curte quem pisa na bola e você tem sido um verdadeiro vacilão. Lá no morro, o papo é reto: “não tá sendo bicho homem” para resolver questões banais e de fáceis (re)soluções. Exatamente por seus vacilos foi barrado no baile em 2016 e 2018 e se Felipe Santa Cruz perder, você acumula três derrotas e poderá pedir música no Fantástico.
Não dá pra saber o que é pior: perder para um dublê de juiz e justiceiro que mandava “atirar na cabecinha”, fez um amontoado de besteira e sofreu impeachment, ou ver o pupilo Pedro Paulo atropelado por um dublê de bispo e “prefeike”, que se dizia “Homem de Bem”, mas acabou no xilindró e considerado o pior mandatário que a cidade já teve.
Com todas as vênias, pra você ter paz, precisa cair na real. A rapaziada "tá bolada" e injuriada com a falta de ônibus, como você foi deixar os “barões do transporte” mandarem e desmandarem na cidade. Por outro lado, esse amontoado de mesas e cadeiras sobre calçadas, e esse barulho infernal que invade as madrugadas e não permite ninguém dormir, por enquanto é um calo, mas vai se transformando em seu “Calcanhar de Aquiles”.
Na boa, a cidade tá uma zona, uma baderna generalizada. Essa conversinha de que os comerciantes padeceram com a pandemia já deu, não convence mais ninguém. Diria Zé Pagodinho: “Na vida a coisa mais feia, é gente que vive chorando de barriga cheia”.
Não sei se você percebeu, mas na única reunião que você realizou com os moradores para tratar do assunto foi em 24 de fevereiro — e lá se vão cinco meses —, os presentes em sua maioria tinha uma coisa em comum: os cabelos brancos e as marcas do tempo na face. Era uma turma de quinquagenários, sexagenários e septuagenários, inconformados, porém cheios de disposição - querem uma solução.
Pessoas com idade avançada clamando ao prefeito democraticamente eleito, apenas o direito de descansar e dormir em paz. Saiba que essa gente de cabelos prateados representam o maior termômetro de um governante e são capazes de decidir uma eleição. Creia que essa turma dita da “melhor idade” anda irritada, indignada, e, num bom português, “puta" da vida com sua insensibilidade e falta de comando.
Depois daquele encontro de fevereiro, você passou a protelar, enrolar, se omitir. Passou a tratar o assunto como se não existisse. Esses senhorezinhos e senhorinhas aprenderam como poucos a dominar as redes sociais e sempre que você deixa um furo, se comunicam com seus grupos, seus filhos, netos, sobrinhos, irmãos, ex-alunos. A bolha é grande e creia numa coisa: seu filme tá muito queimado.
Entenda que essas pessoas ajudaram a construir essa cidade e suas histórias se confundem com a própria história da cidade. Eles sim, verdadeiramente, tem crachá e podem tirar onda: "Sou Carioca". Idosos sim, porém, ligados, dispostos a lutar por seus direitos. Tripudiar dessa gente é cavar a própria sepultura. Eles não são rancorosos, nem ranzinzas mas não conseguem esquecer quando são sacaneados e o direito sagrado de não poder dormir é uma grande sacanagem. Eles vão te derrubar — creia disso.
Sabe o que mudou após aquele primeiro e único encontro?
—Nada prefeito, rigorosamente nada. Aliás, as coisas só fizeram piorar, pois, com a omissão de seus subprefeitos e a conivência da SEOP – Secretaria de Ordem Pública - novos bares surgiram, mais mesas e cadeiras foram espalhadas e, consequentemente, mais barulho.
Aliás, de 2016 pra cá nada mudou. A derrota não te amadureceu. Você perdeu para Witzel e tem dificuldades de emplacar Felipe Santa Cruz exatamente por ter perdido a sintonia com sociedade. Governar para empresários é uma furada, eles não gostam de você e sim de quem está no poder - puxavam saco até do Crivella.
Os tempos mudaram e não se vanglorie e nem tire onda, pois existe um fato que por mais paradoxal que pareça, é real: você não venceu o Marcelo Crivella, ao contrário, o duble de “bispo e prefeike” por ter sido tão ruim, tão despreparado, tão fanático recebeu um ultimato da sociedade carioca: “Perdeu Playboy – Fora Playboy”. Perdeu para você e perderia pra qualquer um.
Insisto: não se vanglorie, talvez não te contaram, mas os cariocas passaram a odiar, a ter uma verdadeira ojeriza a Crivella, principalmente após as eleições. Muitos, ainda hoje indignados, dizem: “Crivella eu nunca vou te perdoar por você ter me obrigado a votar em Eduardo Paes”.
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