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Virgilio de Souza

“Me encanta a arte, a música, os afetos diários...

Atualizado: 14 de jun. de 2021


Lúcio Sanfilippo além de uma pessoa extremamente querida nos meios musicais é uma das vozes mais conhecidas da cidade. Extremamente afinado com um repertório que percorre vários ritmos da música popular brasileira, se destaca por ser um estudioso de nossa música em suas mais variadas vertentes e, em suas apresentações, principalmente por sua dedicação ao samba em suas mais diversas raízes – samba de roda, de terreiro, partido alto -, e muito especialmente por fazer questão de agregar a seu trabalho estilos musicais não tão comerciais como o jongo, ciranda, caxambu.

(2015),

Ao longo de sua carreira gravou Cds memoráveis, dentre eles: 2001 Cordel das Fitas; 2005 - Canções de Amor ao Leo”; 2006 – “Aprendendo Coco”; 2010 - "A Flor do Velho Engenho e 2015 – “Do Reino da Pedra Miúda”. Seus dois últimos trabalhos são respectivamente: “Rio de Cantar” de 2019, com composições próprias e a participação de um time da pesada, que reúne dentre outros nomes Tia Maria do Jongo, Deli Monteiro, Lazir Sinval, Luiza Marmello, Ana Costa, Marina Iris, Clarice Magalhães, Elisa Addor, Simone Lial, Moyseis Marques, Pedro Holanda e Pedro Miranda, com direção musical de Maurício Massunaga.

Seu último trabalho é o Cd “Capitão da Encruzilhada”, um projeto audacioso e fruto de muita reflexão e a demonstração de uma pessoa de fé. O Cd em fase final de produção que ficará pronto ainda nesse mês de junho. O disco trás um repertório muito especial, com 18 pontos tradicionais de “Seu” Tranca Rua, contendo 10 faixas com voz e percussão, coro, palmas e efeitos especiais. A apresentação do CD é de Luiz Antonio Simas e os arranjos de percussão são de Anderson Vilmar.

Doutorando em educação pela UERJ, Candomblecista praticante e de fé, é uma pessoa antenada com as questões políticas e extremamente dedicado às causas sociais, tanto assim, que há cinco anos faz um trabalho de distribuição de alimentos a moradores em situação de rua - antes da pandemia distribuía 82 quentinhas e após a pandemia em ações adaptadas e guardando todas as medidas impostas esse número foi reduzido para 60 refeições.

Dedica também grande parte de seu tempo à construção da Casa de Logum Edé localizada em Iguaba. Para colaborar com a casa, participa de um grupo que realiza várias ações, dentre elas, rifas. Os prêmios para o sorteio são todos doados - livros, CDS, massagens, kits para cabelos, bonecas pretas artesanais, desenhos, brigadeiros e etc. O sorteio é feito sempre em uma live com uma apresentação do cantor no Instagram


Capital Cultural - Viver em tempo de pandemia, medidas restritivas, desesperanças... Como tem sido isso pra você?

Sanfilippo - Tenho me virado, trabalhado de casa com a Comissão de Cultura da Alerj. Gravei dois discos e rezo duas vezes por dia pelo zoom com minhas irmãs de santo às 18h e com os filhos e amigos da Casa de Logum Edé às 20h. Rezamos diariamente há mais de um ano pra Omolu e Ossain e pros Orixás do dia.


Capital Cultural - O que ainda te encanta?

Sanfilippo - Me encanta a esperança de poder de novo abraçar, tocar candomblé, cuidar dos Orixás. Me encanta a arte, a música, companheira diária. Me encantam os afetos diários dessas rezas onde nos confortamos, agradecemos, rimos, desabafamos.


Capital Cultural - A barra pesou a todo mundo, como você tem se virando?

Sanfilippo - Tenho o salário do meu trabalho que está sendo remoto.


Capital Cultural - Vivemos um momento político delicado. Há esperança na política?

Sanfilippo - Há muita esperança em uma frente ampla dos partidos mais à esquerda, com pautas mais progressistas pra tirar esse genocida do poder. Espero que essa frente cresça e se estabeleça.


Capital Cultural - Você gostaria de dizer mais alguma coisa?

Sanfilippo - Quero dizer que precisamos resistir, ficar vivos até que a vacina chegue. Que a gente tente ficar em casa se der, pra não pegar esse vírus, pra não ficar doente, pra não propagar. Porque é uma roleta russa... A gente precisa convencer quem não precisa sair a ficar. Ajudar a superar dia a dia. Levamos ainda comida pros irmãos em situação de rua, mas em forma de cestas básicas na maioria das vezes, porque não estamos nos juntando pra cozinhar. Saímos poucas vezes pra tentar deixar a rua mais segura pra quem precisa sair pra trabalhar, porque este governo genocida não garante uma renda que sustente a vida em isolamento. Eles nos querem mortos, não compraram vacina. Então, quem pode, ajuda quem quer ficar em casa e não consegue. Essa é a hora da união, da solidariedade, da humanidade. Fiquemos vivos pra receber a vacina! Axé





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