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Virgilio Virgílio de Souza

"É preciso tesão, muito tesão, para levar a vida, o teatro, o cotidiano


Reflexões de um homem apaixonado pela existência:


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O Rio de Janeiro é uma das grandes paixões de Amir Haddad. É encantado com a geografia, as montanhas, o calor, as pessoas, as belezas da cidade. Desde que chegou aqui, no final de 1964, foi cada vez mais sendo seduzido. Ficou para nunca mais sair. Nascido em Guaxupé, Minas Gerais, se mudou para a cidade de Rancharia, no Oeste paulista, e aos 20 anos fixou residência na capital onde estudou direito na Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco.

Sua vida se transforma totalmente quando no último período, decide abandonar a faculdade para se dedicar ao teatro. Foi nesse período que conheceu José Celso Martinez e Renato Borghi duas figuras de suma importância na cena teatral brasileira. Em 1958, ao lado dos dois, e de outras pessoas, criou o Teatro Oficina que se tornou reconhecido internacionalmente e referência desde o início da década de 60. Seu primeiro espetáculo foi “Vento Forte para Papagaio Subir” de Zé Celso e a “Incubadeira” que fez muito sucesso de publico e critica.

Em 1961, deixou São Paulo, se desligou do Teatro Oficina e foi para Belém onde realizou uma série de oficinas para o Teatro Belém. Em 1964, meio que por acaso, desembarcou no Rio de Janeiro e ficou deslumbrado. A cidade continua sendo sua fonte de inspiração e o teatro permanece a praia que lhe possibilita mergulhos profundos sobre o cotidiano, as questões sociais, a política, a existência.

Hoje, aos 84 anos, 65 anos depois do início da carreira, , Amir é um ator e diretor de teatro reconhecido internacionalmente e tornou-se um profissional conceituado e diferenciado por sua capacidade de transitar entre o teatro tradicional e as produções populares. Ao longo de sua jornada, sempre foi convidado para participar ou dirigir importantes montagens dentre elas, O Mercador de Veneza, de Shakespeare (com Maria Padilha e Pedro Paulo Rangel), a peça “As Meninas” de Luiz Carlos Góes e Maitê Proença, baseado no livro Uma Vida Inventada de 2009. Atualmente faz com Cláudia Abreu a adaptação Virginia Woolf de Antígona de Sófocles. Além disso, dirigiu os shows de Ney Matogrosso e Beto Guedes.

Essa sua capacidade de se movimentar entre o convencional e o popular lhe possibilita ao mesmo tempo brindar no final da tarde ou à noite com nomes consagrados como Fernanda Montenegro Beltrão. Maria Padilha e Alexandre Rangel e, na manhã seguinte, estar numa praça qualquer da cidade – Lapa, Cinelândia ou Central do Brasil -, fazendo apresentações para turistas, operários, intelectuais, pessoas comuns que a caminham pelas ruas da cidade e caminham para mais um dia de trabalho.

Fernanda Montenegro, Andréia Beltrão, Zé Celso Martinez e Maitê Proença são alguns grandes nomes do teatro brasileiro que se curvam à competência de Haddad


O reconhecimento a seu trabalho veio com premiações: Em 2019 — Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da (UFRJ) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Em 2006 - foi Agraciado com o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural; em 1997 — Prêmio Sharp de Teatro, na categoria de Diretor, por 'O Mercador de Veneza e, em 1989, — o Prêmio Shell de Teatro, na categoria de Diretor, por "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". Além disso é autor do livro "Bodas de Sangue: a Construção e o Espetáculo"


A Arte de estar nas ruas

No Rio, depois de experiências e trabalhos bem sucedidos na década de 70 no denominado teatro institucional decidiu fundar o grupo "A Comunidade" vencedor do Prêmio Molière pelo espetáculo “A Construção”. Ainda em 80, criou o Grupo "Tá na Rua", que existe há 40 anos e se tornou num dos marcos do teatro de rua no Brasil. O grupo foi cada vez mais se transformando numa fonte inesgotável de energia e prazer para o ator que sempre enfatiza:

- Levando o teatro para as ruas e fugi dos padrões estéticos estabelecidos. Sempre acreditei que mais importante que o Teatro para o povo é fazer o povo participar do Teatro. Acabei por criar uma nova forma de fazer teatro. Não existe o teatro do Amir, não existe o meu teatro, pois o teatro é plenitude, é maior que qualquer um de nós e em sua própria vida.


Capital Cultural - Vamos começar falando da cidade, de suas percepções sobre a cidade. De que o senhor tem saudades?

Haddad - O que mais me dá saudades no Rio de Janeiro é o próprio Rio de Janeiro. É uma cidade de uma beleza quase que insuportável. É um lugar esplendoroso. Relembro com carinho as transformações que foram acontecendo, os aterros que foram aparecendo. De minha casa em Santa Teresa, olho para baixo, vejo a Igreja da Glória e me lembro que o mar chegava até ali. Vejo o Aterro, a Marina e me imagino andando na faixa estreita de terra entre as montanhas e o mar que antes existia. A cidade não tinha como crescer, e aterrar foi a solução encontrada. O Aterro ocupava um pequeno espaço e as lotações circulavam por cima das calçadas. Então veio essa idéia do Carlos Lacerda inspirada nos portugueses de ganhar espaços. Os portugueses sabiam fazer bem isso. Sempre penso que o mar vai reclamar o que é dele. Fico imaginando o mar reclamando o que lhe pertence com Catete, Largo do Machado, Aterro, aeroporto, parte do Centro tudo isso podendo desaparecer. Ressalto que morar em Santa Teresa é uma coisa eu me faz bem. Moro no bairro que escolhi para viver. Tenho intimidade com as ruas, o silêncio, o visual. De minha casa vejo da Ponte Rio Niterói ao Pão de Açúcar e a beleza dessa cidade é de tirar o fôlego. Não sem razão essa cidade ganhou o título de Maravilhosa.


Como aconteceu o Rio de Janeiro em sua vida?

Amir – Em minha volta de Belém para São Paulo, tinha que parar no Rio a convite do Abujamra – outra grande figura do teatro que faleceu em 2015 -, e resolvi ficar um final de semana. Na época ele tinha um grupo de teatro e me convidou para fazer algumas alterações num trabalho que desenvolvia e estava em cartaz. Me debrucei na tarefa e mudei muitas coisas no espetáculo e para minha sorte o espetáculo se transformou num grande sucesso. Muitas pessoas no Rio já tinham conhecimento de meu trabalho e, no início de 1965, Maria Pompeu me convidou para dirigir o espetáculo “Receita de Vinicius”. Eram músicas e poemas de Vinicius de Moraes interpretadas por Taiguara. Aceitei na hora e o espetáculo fez um sucesso muito grande. Era o carimbo de meu passaporte no Rio.

Capital Cultural – Tudo mudou em sua vida a partir de então?

Amir - De fato, tudo mudou. Não voltei a São Paulo sequer para desmontar meu apartamento e os amigos o fizeram por mim. Não fui mais a São Paulo, Por outro lado pensei: o Zé Celso vem realizando um excelente trabalho com o Teatro Oficina e não faz sentido voltar para ocupar um mesmo espaço. Acho que o Zé Celso tem a cara de São Paulo e acho que com os anos adquire um pouco a cara do Rio. Estava certo, pois hoje por mais respeito que tenha por São Paulo não me identifico mais com a cidade. No Rio dei sorte, pois o primeiro lugar que morei foi em Copacabana, na Barata Ribeiro, na casa de Sergio Mamberti. Quando vi o mar fiquei embasbacado. Vinha de Belém e de São Paulo, e nunca tinha visto nada tão impactante.


Capital Cultural - O senhor acredita que a cidade pagou e paga um preço alto com as transformações, com a modernização?

Amir – Não, não diria isso, pois a modernização e as transformações são necessárias. Nascemos para evoluir, mas em alguns momentos confundem modernização com interesses políticos, pessoais e religiosos. Me fascina e me intriga ao mesmo tempo, o fato de apesar do que a cidade sofre, apesar de ser vilipendiada, abusada, estuprada, ela consegue se manter viva em sua essência. É por essa capacidade de resiliência, de resistência, que declaro meu amor ao Rio. Trabalho nas ruas e vejo as pessoas, a alegria das pessoas. Há um grande amor de todos pela cidade, um amor que, entretanto, em alguns momentos, fica sufocado, contido, deprimido, e perde um pouco seu ardor. Fazemos escolhas equivocadas, entregamos a cidade em mãos de pessoas inconsequentes, sem compromissos ou identidade e que tentam nos impor valores com os quais não identificamos e acabamos pagando um preço muito alto por isso. Nossa cultura fica ainda mais asfixiada.



Capital Cultural – O que o senhor chama de “cultura asfixiada”?

Amir - Temos uma cidade que apesar de uma riqueza cultural rara e de muitas possibilidades e manifestações, temos uma vida cultural de balneário. para pessoas que estão de férias e passeando. Não temos uma vida cultural para a cidade, para a cidadania, para o carioca. As pessoas que moram aqui, que vivem aqui, estão obrigadas a conviver com esse modelo, com a imposição dessa cultura baldeária. A cidade tem uma identidade e não podemos ter pessoas sem empatia com a realidade do carioca. Não podemos escolher alienígenas para nos governar para que as coisas não piorem mais ainda.


Capital Cultural – Alienígenas, pessoas sem identidade, sem empatia fica um tanto o quanto vago. Quais seriam os exemplos concretos?

Amir – Falo isso pensando muito especificamente no ex-prefeito Marcelo Crivella que nunca teve qualquer sintonia ou empatia com a cidade. Com a administração desse senhor, na verdade, um duble de prefeito e bispo e um pensamento extremamente e retrogrado perdemos muito de nossas características. O Rio é uma cidade de sensualidade, de rara beleza, de espontaneidade, que transpira alegria e nesse período que o Crivella administrou se transformou num lugar sem vida, sem brilho como se o comportamento do carioca, o jeito de ser das pessoas do Rio ferisse a moral e os bons costumes. Foram os piores anos da cidade. Mas o carioca tem essa capacidade de se revigorar e fazer a cidade renascer.


Capital Cultural – Foi um tempo complicado principalmente para as atividades culturais...

Amir – Foi um tempo complicado para a cidade como um todo, pois perdemos parte de nossa alma, de nossa essência. Precisamos com urgência recuperar a estima de cariocas e, em razão disso, me coloquei à disposição do Eduardo Paes para ajudar a restaurar a cidade. O Grupo “Tá na Rua” é um grupo da cidade do Rio de Janeiro. A carioquice esta em nosso DNA. O grupo só poderia existir no Rio pelas características da cidade. Não conseguiríamos fazer o trabalho que fazemos em São Paulo ou Belo Horizonte ou mesmo na Bahia. Nosso trabalho é visceralmente ligado ao Rio. O Rio sempre teve tendência a uma cultura asfixiada e temos que fazer circular nossa capacidade e nossa produção cultural. Em seus dois governos anteriores, Eduardo Paes permitiu que se realizassem três Festivais de Arte Publica. Eram muitos grupos de arte publica fazendo circular cultura pela cidade e tudo isso acabou. Era bom ver a cultura espalhada por todos os cantos - Centro, Zona Sul, Zona Oeste, Zona Oeste. Foi gratificante viver essa experiência cultural.


Capital Cultural – O senhor reclama de Crivela, mas viveu a ditadura Militar que também foi um período extremamente difícil, que também asfixiava...

Amir – Crivella foi um descuido, um ponto fora da curva e a ditadura foi algo muito bem planejado e cruel para as cabeças pensantes. Tentaram nos aniquilar, houve a tentativa de uma lavagem cerebral. Depois daquela fase trágica veio o neoliberalismo e ai nasceu essa mentalidade artística despreocupada com o social e voltada para o êxito pessoal. Cabeças foram feias e o ator perdeu qualquer consciência do conceito de cidadania. Criou-se a percepção de que o artista é um ser dotado de uma sabedoria diferenciada. Eu não curto e abomino essa ideia de artistas semideuses. Eu preferia que no Brasil não tivesse esse tipo de artista, mas que tivéssemos atores que fossem cidadãos responsáveis que entendessem que a produção da vida deles esta diretamente ligada ao mundo onde eles vivem. É óbvio que as pessoas precisam sobreviver, mas esses artistas que só pensam em dinheiro, que só pensam entretenimento são responsáveis diretos pela banalização da cultura, por essa asfixia.


Capital Cultural – O Grupo Tá na Rua chegou aos 40 anos. O senhor acreditava que teria uma existência tão duradoura?

Amir – A criação do “Tá na Rua” se deu mito especialmente porque entendia que o teatro não deveria ser apenas para uma parcela da sociedade, e deveria atingir as pessoas de forma simples e envolvente. Num dado momento fiquei angustiado e queria sair dos locais das denominada elites culturais, das salas fechadas, da falta de ar, da falta de respiração, das paredes escuras, das cortinas, da falsa luz dos refletores. Quando fui para as ruas não tinha o objetivo de salvar ninguém, tinha o objetivo de me salvar daquele sufoco, daquele ambiente sufocado . Passei a respirar um teatro sem distinção social. Foi a possibilidade de fugir daquele teatro escuro, fechado e trancado pela ditadura militar. Sempre faço a reflexão de que somos, frutos da ditadura, e, em consequência, um antídoto...


O Grupo Tá na Rua se apresenta em praças e logradouros públicos levando distração e reflexões político-sociais aos transeuntes independente de classe social


Capital Cultural – A ditadura criou muitos anticorpos, muita gente de resistência, esse é um efeito incrível...

Amir - Me lembro sempre do governo de Médici, e da barra pesada pela qual passamos. Me lembro das noticias e dos gemidos que saiam dos porões da ditadura, das pessoas torturadas e também daqueles que não conseguiram sair. O “Tá na Rua” é filho da ditadura, somos frutos do governo Médici. Eles com toda truculência e autoritarismo, não perceberam, mas criaram anticorpos. A proposta de nosso trabalho é ser libertária. Tudo que pudesse agradar aos militares não podia entrar em nosso trabalho. Certa vez Médici foi assistir uma peça de teatro da qual eu participava. Era uma comédia de relacionamentos e traições matrimoniais. Ele gostou e fiquei indignado. Pensei comigo: não é para ele gostar, o objetivo não é esse e decidi não mais fazer aquele espetáculo. Fui pra rua, meu trabalho questiona fortemente a questão de poder. Os atores do “Tá na Rua” estão à vontade. Queremos que tenham um espírito que o cidadão tem no carnaval.


Capital Cultural – Por falar em carnaval o senhor participou de alguns carnavais, qual sua experiência?

Amir – Na verdade, nunca tive muita proximidade com o carnaval, mas sinto saudades de alguns carnavais. Fiz a ala dos mendigos do Joãozinho Trinta na Beija Flor em 1989, com o enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia" que mostrava o contraste entre o luxo das elites e a pobreza dos mendigos que vivem no meio do lixo. Apesar do clamor popular a escola foi vice perdendo para a Imperatriz que teve o enredo “Liberdade Liberdade”. Acredito que se o Joãozinho ganhasse aquele carnaval muita coisa teria mudado em nossa realidade social e cultural. Observo que a força do teatro carioca esta diretamente relacionada ao desfile das escolas. Joãozinho teatralizou o carnaval e minha proposta sempre foi a de carnavalizar o teatro. Em 2001, Joãozinho foi para a Grande Rio e levou para a Avenida “Gentileza – O Profeta do Povo”. Dias antes do desfile, quando fiz a apresentação do que seria a ala, ele se encantou, chorou e disse que aquilo era maravilhoso. Um repórter de o Globo fez uma foto da apresentação com policial ajoelhado em cima de um cidadão. O jornal estampou em primeira página com a manchete: “O carnaval de Joãozinho”. Não deu outra: o secretário de segurança chamou o presidente da escola, a mim e ao Joãozinho e falou: “nós temos um trato em que vocês não meche com a gente que não mechemos com vocês, isso aqui, sob hipótese nenhuma pode ir para a Avenida”. Em seguida chamou o Joãozinho e, com o dedo em riste deu lhe um grande esporro, dizendo que aquilo era um absurdo, irresponsável e inconsequente. Minha ala participou do carnaval, mas entramos na Avenida comum raminho de flores fazendo o símbolo de paz e amor. Já havia deixado o teatro institucional por asfixia e não me via aguentando aquela situação no desfile. Depois disso, sempre que conversávamos sobre o episódio Joãozinho não escondia sua tristeza e frustração. Desde então, me afastei completamente da Avenida. Hoje o Tá na Rua durante o carnaval se transforma num bloco e saímos e brincamos pelas ruas.




Capital Cultural – Criar Optar por uma carreira independente e fora do convencional é sempre complicado. O senhor diria que pagou um peço alto por essa opção?

Amir - Paguei e pago um preço alto por minha escolha de fugir dos padrões estabelecidos. Foi tudo sempre muito complicado. Afirmo, porém, que teria pago um preço bem maior, se não tivesse feito essa escolha. Poderia fazer uma escolha mais cômoda, mas o preço poderia ser maior se vivesse angustiado e por insatisfação e frustração tivesse provocado em mim crises de ansiedade ou depressão, o diagnóstico de um câncer, de um derrame, ou mesmo dores de hemorroidas. Por outro lado me sinto muito feliz com o trabalho que realizei ao longo de minha vida e que hoje realizo com o mesmo tesão. Me causa uma profunda alegria ver o trabalho que o saudoso Augusto Boal - criador do Teatro do Oprimido – realizou. É algo que permanece vivo, dinâmico, influente. Fico feliz também com tudo que o Zé Celso realizou. Me faz feliz, pois nosso trabalho existe e permanece vivo, de forma independente dos grandes esquemões. Se tivesse feito outra opção, talvez estivesse na televisão fazendo papel de um velho ou dirigindo uma comédia inconsistente e inconsequente.


Capital Cultural – As redes sociais mudaram totalmente nossa realidade Como o senhor convive com esse mundo virtual?

Hammir – Admito que tenho dificuldades com as redes sociais, pois mal sei abrir o instagran. O que me salva em termos de mundo virtual são os amigos que pacientemente me auxiliam. Gosto dos efeitos, da velocidade da informação, da quebra de monopólio dos grandes veículos, mas confesso que o máximo o que uso é o wattazap. Muitos partiram para o mundo virtual, mas penso eu fazer teatro de forma virtual é como fazer sexo por telefone


Para terminar, como o foi o impacto do Covid em sua vida?

Haddad – Foi triste e assustador. Fiquei aquartelado, isolado como todo mundo. Me afetou mais no movimento no que diz respeito a se movimentar. Minha vida é na rua, é o contato direto com as pessoas em espaços abertos e foi triste ter que me recolher, me encolher. Ter cuidados, se preservar, se encolher não foi bom e ainda não é. Temia somatizar, me angustiar. Foi algo que não me fez bem.

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