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Virgilio Virgílio de Souza

Foca 2022: Secretaria de Cultura quer ocupar todos os territórios

Investimento de R$ 32 milhões vai contemplar mais de 400 propostas, um aumento de 60% em relação a 2021


O auditório do Museu do Amanhã ficou completamente lotado de fazedores de cultura de todas as áreas para o lançamento do FOCA 2022

Num clima de total descontração e animação, algo parecido com um programa de auditório — onde pelo menos 30% dos presentes eram funcionários, assessores e colaboradores da prefeitura —, o secretário de Cultura Marcus Faustine e o prefeito Eduardo Paes anunciaram, nesta quarta-feira (27), no Museu do Amanhã, a segunda edição do FOCA – Programa de Fomento à Cultura Carioca. Como num bom programa de auditório que se preze, não faltaram aplausos, risos e frases feitas.

A cerimônia contou com a presença de fazedores de cultura das mais diversas áreas. Se mostrando entusiasmado Marcus Faustine brincou, relembrou seu início como contra regras, e em alguns momentos foi prolixo. Conseguiu, entretanto, dar seu recado, deixando claro que continua empenhado em descentralizar a cultura do eixo Centro/Zona Sul e ocupar todos os territórios da cidade, com uma atenção muito especial para as favelas e periferias. Criticou o ex-prefeito Marcelo Crivella e o presidente Jair Bolsonaro, para em seguida, anunciar que o Foca-2022 disponibilizara R$ 32 milhões para contemplar mais de 400 propostas, um aumento de 60% em relação ao ano passado, quando foram investidos R$ 20 milhões.

— Ficamos 4 anos sem investimentos na cultura por parte do governo anterior. Encontramos a secretaria em condições precárias e ainda enfrentamos a má vontade do governo Bolsonaro que tenta de todas as formas aniquilar a cultura. Precisamos voltar a ser a cidade que produz conteúdos inéditos. Esse aumento dos recursos fará com que possamos atender a mais projetos em toda cidade, com um apoio robusto aos festivais. O Rio apoiar festivais ajuda no turismo, na profissionalização da cultura, na oferta de oportunidades culturais. Trata-se de um momento especial para a nossa secretaria, em que confirmamos que no Rio de Janeiro temos políticas para a cultura. E não há perseguição. — completou.

Faustine e Eduardo Paes criticaram o ex-prefeito Crivella - segundo eles, responsáveis por todas as mazelas -, e falaram com otimismo do futuro da produção cultural da cidade


Eduardo Paes também demonstrando bom humor e otimismo começou exaltando a realização do carnaval, lamentou o Estado e a cidade terem sido administrados por um juiz e um bispo — se referindo a Wilson Witzel e Marcelo Crivella — para, finalmente, falar da força da cultura carioca:

— A identidade carioca é a manifestação cultural do que fazemos aqui. Teve carnaval no Sambódromo e nas ruas mesmo contra a vontade do prefeito. Esse carnaval serve para fazermos uma profunda reflexão para o ano que vem. Temos que pensar sobre o gigantismo de alguns blocos em algumas áreas da cidade, principalmente a Zona Sul. O Rio é o centro da produção cultural brasileira. É o início do reinício. Virão mais novidades e recursos para esta área que é tão importante para nossa economia. Será um renascimento. O Rio vai voltar a ter o maior orçamento da cultura do país. Voltaremos a ser protagonistas — disse o prefeito.


FOCA 2022

No edital que será lançado em maio, foram incluídas novas linhas e categorias, entre elas uma específica para festivais. A ação faz parte do Plano Estratégico da Prefeitura, que prevê o apoio a 200 festivais até 2024, como parte da retomada do Rio como cidade cultural.

Na primeira linha de incentivo, o objetivo é selecionar e apoiar financeiramente 184 propostas em 12 categorias: teatro, circo, artes visuais, arte antirracista, produções LGBTI+, artes urbana e pública, cultura popular, música, literatura, infância, dança e pesquisa & inovação. Podem participar pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos), Microempreendedores Individuais (MEIs) e pessoas físicas — neste caso exclusivo para a categoria pesquisa & inovação. Os contemplados poderão ser apoiados com, no mínimo, R$ 25 mil e, no máximo, R$ 200 mil, cada.

A segunda linha fomentará as relações entre cultura e território, potencializando a cena artística em regiões populares da cidade. Serão distribuídos R$ 4 milhões a 120 projetos, em duas categorias: favelas da Zona Sul e do Centro (APs 1 e 2 ) e localidades das Zonas Norte e Oeste (APs 3, 4 e 5). Podem participar pessoas físicas ou jurídicas, incluindo MEIs, com residência e atuação cultural nestes territórios há pelo menos um ano. O valor para cada proposta selecionada vai variar entre R$ 25 mil e R$ 50 mil.


Orientação para inscrições

Em 2021, o Foca recebeu 5.478 inscrições. Quase metade dos aprovados (51,54%) vieram das zonas Norte e Oeste do Rio, ou seja, do subúrbio. Mais de 300 propostas foram contempladas e algumas delas já fazem parte do calendário cultural do Rio. Também no ano passado, dos 2.671 inscritos como pessoa física ou microempreendedor, 50,3% se autodeclararam pretos ou pardos e 47,8% foram mulheres.

A Secretaria de Cultura no edital desse ano, fará uma série de “lives” para auxiliar na inscrição e, ao longo do período de inscrição, será promovida uma campanha de mobilização com oficinas nos territórios periféricos e em favelas. A meta é atingir dez mil inscritos.


Secretaria de Cultura vai a campo para incentivar inscrições

A partir da data de publicação do edital, serão 45 dias para a inscrição. Nas duas primeiras semanas, a Secretaria Municipal de Cultura fará uma campanha de mobilização visando alcançar um número maior de inscritos. Serão realizados encontros e “lives” para estimular as inscrições de artistas, produtores e agentes culturais. O edital terá uma comissão de seleção composta por 60 especialistas. A previsão de repasse do recurso é até dezembro de 2022. Os contemplados terão até um ano para executar e apresentar o projeto.

A Cultura é fundamental para preservarmos nossa história, Marcus Faustine e Eduardo Paes estão corretos em falar sobre o abandono da cultura carioca. De fato, não podemos sob nenhuma hipótese esquecer as mazelas do passado. Sim, Marcelo Crivella um dublê de bispo e prefeito foi um péssimo administrador — o pior que a cidade já viu e inimigo número 1 da produção cultural. Temos também que manter na memória que, de certa forma, a decadência da cultura carioca se iniciou exatamente em 2016, quando o então prefeito Eduardo Paes que sempre se disse um apaixonado pela cultura, deu calote e não pagou um edital deixando de contemplar os 204 selecionados de um total de 2.480 inscritos.

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