Negacionistas voltam a protestar na ALERJ
- Virgilio Virgílio de Souza
- 18 de fev. de 2022
- 5 min de leitura

A exemplo do que aconteceu em dezembro manifestantes, quase que em sua totalidade, seguidores do presidente Jair Bolsonaro ou membros de igrejas neopentecostais se manifestaram no Centro da cidade contrários ao "passaporte da Vacina" nas escolas,

Nas galerias faixas e cartazes de manifestantes contrários à vacinação
Nessa quinta-feira (18) a ALERJ – Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro – viveu mais uma tarde agitada e de manifestações por parte dos opositores que se opõe à vacinação para frequentar aulas nas escolas e universidades do Estado. Cerca de 50 manifestantes em sua maioria seguidores do presidente Jair Bolsonaro e representantes de igrejas neopentecostais em mais uma oportunidade se mostraram radicalmente contrários ao o Projeto de Lei 5.370/22 que determina a apresentação do passaporte vacinal contra a covid-19 dos alunos matriculados, principalmente em se tratando das crianças.
Apesar da insatisfação, dessa vez os protestos ocorreram de maneira pacifica, apesar de gritos e palavras de ordem isoladas por parte de alguns mais agitados. As ofensas e xingamento contra os deputados partiu apenas por parte de poucos presentes, no máximo cinco ou seis, uma realidade bem diferente do dia 8 de dezembro quando os manifestantes tentaram invadir na marra as dependências da Assembleia Legislativa chegando a entrar em conflito com os seguranças da casa.
Nessa quinta, as galerias estavam relativamente vazias em razão do rígido controle da Assembleia em consequência da pandemia. No plenário as discussões começavam a se acirrar, quando o presidente da Casa André Ceciliano que conduzia a sessão decidiu que apenas um parlamentar pudesse manifestar sua opinião em razão do projeto já ter sido discutido e seria desnecessário prolongar o tema com várias opiniões sobre um mesmo assunto. Uma decisão acertada e oportuna, pois muitos queriam palavra apenas para agradar os presentes nas galerias.

O deputado Luís Paulo propôs que todos os projetos relacionados às vacinações nas escolas sejam submetidos a aprovação da comissão e justiça antes de irem a discussão em Plenário
As discussões nem se estenderam tanto, pois vendo o clima tenso que se formava e a impaciência de alguns parlamentares contrários ao projeto o deputado Flávio Serafini (PSOL) retirou o projeto de pauta para mais uma rodada de conversas. O Projeto de Lei 5.370/22 é de autoria de André Ceciliano (PT), Eliomar Coelho (PSOL), Waldeck Carneiro (PT) e Flávio Serafini (PSOL). Quando apresentaram o Projeto, os autores usaram a seguinte justifica “A pandemia avança na medida em que novas variantes surgem, fragilizando ainda mais a situação de crianças e adolescentes que ficam expostos ao vírus. Considerando a educação enquanto essencial, o objetivo é resguardar o direito à saúde e à vida de nossas crianças e jovens”,
Segundo a proposta, a cada disponibilização de nova dose será obrigatória a apresentação do passaporte vacinal atualizado nas instituições de ensino. No caso de crianças e adolescentes, os responsáveis serão notificados para que regularizem o registro. A ausência do comprovante de imunização deverá ser notificada pelas instituições de ensino ao Conselho Tutelar da região e ao Ministério Público com o objetivo de zelar pelo cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê a obrigatoriedade das vacinas recomendadas pelas autoridades sanitárias. A falta do passaporte, entretanto, não deverá impedir o acesso à educação nas instituições da Educação Básica. Já no caso das instituições de Ensino Superior, será proibida a matrícula e o ingresso do estudante na instituição.
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Nervos acirrados entre os parlamentares
Se o público se comportava bem nas galerias, os ânimos em alguns momentos estiveram acirrados entre os deputados. Acompanhado de pelo menos cinco colegas Anderson Vaz representando os opositores e se dirigindo às galerias afirmou ser um absurdo querer se exigir um passaporte vacinal nas escolas:
- Essa proposta é inadmissível. O maior castigo e o maior erro foi deixar as crianças fora da escola. Esse é um projeto construído pela esquerda que há 16 anos sempre tenta se beneficiar com essas propostas populistas. Tomar vacina não garante nada. Mesmo vacinada uma pessoas pode adquirir e transmitir o vírus. Acho muito importante que o projeto tenha sido retirado de pauta.
O deputado Flávio Serafine que preside a Comissão de Educação tem uma percepção completamente diferente dos opositores à vacinação:
- Esta mais que provada que a COVID mata, que é um perigo real à sociedade, isso sem falar nas sequelas que deixa. Está também provado por cientistas e pela OMS – Organização Mundial de Saúde -, que o caminho para nos livrarmos desse mal que se abateu sobre o mundo é a vacinação. Entendo essa oposição, essa postura de criticar os cientistas e se colocar contrário à vacinação à desinformação. Essas pessoas estão espalhando "fack News", inverdades e abrindo as covas de nossas crianças. É triste que posições políticas e o fanatismo religioso possa se transformar numa ameaça às nossas crianças e, consequentemente, a todos nós.
Em meio às discussões o deputado Luís Paulo que compõe a Comissão Constituição e Justiça reclamou do excessivo número de projetos apresentados para tratar de um mesmo assunto e propôs que antes de ir ao plenário para votação as propostas tivessem obrigatoriamente que ser analisadas pela comissão. A ideia foi prontamente aceita tanto por André Ceciliano que presidia a sessão, quando por parlamentares contrários e favoráveis ao passaporte da vacina.
Em dezembro muita confusão
No dia 08 de dezembro quando se discutia o PL 4.919/21, de autoria dos deputados Filipe Soares (DEM) e Márcio Gualberto (PSL), que proíbe a discriminação de pessoas que se recusarem a tomar a vacina contra o Coronavírus, os ânimos subiram e ficaram acirrados na ALERJ.
Na ocasião, manifestantes anti-vacina e contra o passaporte sanitário se concentraram no Beco do Lume, próximo ao prédio da ALERJ para acompanhar os trabalhos das galerias. No entanto, alguns manifestantes descumpriram as regras que obriga o uso de máscara tentaram de qualquer forma entrar nas dependências do prédio. A confusão se estabeleceu com muitos gritos, empurrões socos nos vidros de proteção e tentativa de invadir o prédio A segurança foi acionada para conter a situação e conter os mais exaltados.
Inconformado e indignado com a badernas que alguns tentavam promover o presidente da casa, André Ceciliano (PT) exigiu respeito às normas em vigor: "Ainda temos risco por causa da variante. Há uma norma em vigor na casa que deve ser respeitada" - lembrou. Já o deputado Márcio Gualberto (PSL) que se opõe à vacinação e colaborou na convocação dos manifestantes chegou a pedir desculpas aos colegas por causa da confusão. E tentou acalmar os ânimos, dirigindo-se à galeria:
-A gente precisa dar o exemplo. Não existe possibilidade da democracia frutificar se não houver respeito. Aqui na ALERJ todos os debates estão sendo permitidos. Não há necessidade disso”.

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