Produtora recebe maior honraria do Estado
- Virgilio Virgílio de Souza
- 27 de mai. de 2022
- 5 min de leitura
O Circo Voador ficou lotado de pessoas ligados ao universo cultural para prestigiar Maria Juçá homenageada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Maria Juçá, administradora do Circo Voador recebe dos netos o diploma com a maior honraria do Estado oferecida pelo presidente da ALERJ deputado André Ceciliano
Uma noite especial e inesquecível no Circo Voador: Maria Jucá que tantos shows e eventos comandou na nave, foi a grande homenageada na noite desta terça-feira(23) quando recebeu a medalha Tiradentes. A iniciativa da homenagem partiu do presidente da ALERJ – Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro —, deputado André Ceciliano.
O Circo estava lotado de fazedores de cultura de todas as partes da cidade A mesa foi composta pelo ator e diretor Amir Haddad, o cantor e compositor Frejat, o produtor e ativista Júlio Barroso, a cantora Teresa Cristina, além do secretário de Cultura do Município Marcus Faustine.
Um vídeo foi projetado mostrando a trajetória artística da homenageada, com momentos marcantes, dentre eles, a greve de fome feita em defesa do Circo, fechado em 1984 e a ousadia em defender o cantor e compositor Raul Seixas muito vaiado e hostilizado num show no Parque Lage. A festividade foi marcada ainda por apresentações do Bloco Quizomba, Grupo Zanzar, Cia Livre Acesso, Slan das Minas, Orquestra Voadora, Cia Acrobacia Aérea e do Grupo É Samba que elas querem. .
Em sua fala André Ceciliano, que transmitiu à homenageada um abraço do ex-presidente Lula, ressaltou que numa ocasião tão marcante quanto essa, é a ALERJ e todos deputados do Estado que se sentem homenageados:
— Todos sabem que sou um apaixonado pela cultura e me sinto muito honrado em homenagear uma pessoa tão importante para a produção cultural da cidade. Essa medalha pertence a você e, consequentemente, à cultura. Por muito tempo fui um frequentador do Circo, esse espaço embalou várias gerações e, naturalmente, embalou a mim e a minha geração. Vi muito shows e tive momentos de muita felicidade na lona do Circo. Por tudo isso, me sinto muito feliz com a concessão dessa medalha — comentou.
O cantor e compositor Frejat, o produtor e ativista Júlio Barroso, o diretor teatral Amir Haddad, , a cantora Teresa Cristina, além do secretário de Cultura do Município Marcus Faustine compuseram a mesa. A plateia, lotada de pessoas ligadas à cultura de todas as partes da cidade prestigiou o evento
Os demais componentes da mesa seguiram a mesma fala de Ceciliano agradecendo à Maria Jucá a existência do Circo e os muitos momentos felizes que o espaço proporcionou em suas vidas. A cantora Teresa Cristina relembrou os tempos em que fundou uma rádio com Jucá na UERJ — Universidade do Rio de Janeiro, nos anos 90 e dos tempos em que frequentava o Circo:
— Muito feliz de viver na mesma cidade que Maria Jucá, uma mulher aguerrida e fazedora de cultura. Salve ela. A conheci em um rádio que fundamos na UERJ nos anos 90 e, depois disso não mais nos afastamos. Fui por muitos anos uma frequentadora do Circo Voador e não vinha exatamente aos shows, vinha ao Circo. Aqui passei muitos bons momentos de minha vida. Nós cariocas devemos ser gratos por esse espaço e por essa pessoa - declarou
O secretário de cultura Marcus Faustine relembrou os tempos em que assistia shows no Circo Voador e parabenizou André Ceciliano pela iniciativa: " Presidente acredito que essa foi a melhor medalha que o senhor concedeu até hoje. É um acerto enorme. O Circo é Carioca. É legitimador. Todo artista quer tocar no Circo. Precisamos de um Circo Voador em cada bairro da cidade" — disse. O produtor cultural Amir Haddad se disse orgulhoso e honrado de estar na Lapa e ser vizinho do Circo Voador, Fundição, Sala Cecília Meireles, Febarj e tantos outros espaços culturais importantes para a cidade:
— Estamos aqui. Somos vizinhos e nada melhor que viver na Lapa tão bem acompanhado. O Circo Voador e a Maria Jucá merecem todas as homenagens. Fico feliz em encontrá-la e saber de sua existência e perceber toda sua criatividade e o que ela fez e faz pela cultura da cidade. Não dá para homenagear Maria Juçá, pois ela é quem nos homenageia no dia a dia com sua existência.
O cantor e compositor Frejat que se projetou no início da década de 80, no inicio do Circo Voador fez questão de exaltar a importância de Maria Juçá:
— Passei momentos encantadores e de muita emoção no Circo. A efervescência do ‘rock’ e muito da produção cultural carioca aconteceu aqui e não podemos ter dúvidas de que toda essa produção, essa potencialidade veio da cabeça da pessoa que comanda essa nave. Por isso, Juçá merece essa e todas as homenagens dessa cidade por tudo que fez pela cultura — comentou. Júlio Barroso um dos produtores culturais mais carismáticos e ativos da cidade ressaltou a importância do Circo em sua vida.
— O Circo faz parte de minha vida. Por falta de grana, pulei em muitas ocasiões a grade do antigo Circo para ver shows memoráveis. Profissionalizei-me e tive a oportunidade de trabalhar com a Maria Juçá. Fiquei muito emocionado e encantado com tanta criatividade, capacidade, dinamismo. Homenagear a Juçá é homenagear toda produção cultural da cidade. É uma medalha mais que merecida. Fico muito feliz por estar aqui nessa homenagem a uma pessoa que tanto admiro.
Maria Juçá:
Gosto das ideias, pois elas simplesmente me contagiam. Abraço as ideais e simplesmente sigo, prossigo
Última a falar e demonstrando gratidão e emoção com cada uma das falas, Juçá sorria e em alguns momentos, continha as lágrimas. Se mostrava grata por tantas pessoas queridas e muito especialmente com a presença da família e dos netos. Muita emocionada ela agradeceu a homenagem com palavras que representam sua trajetória:
— Essa medalha que recebo, pertence à cultura, representa esperança e força para continuar. Fico feliz com a homenagem e com tantas pessoas queridas que vieram ao Circo. Sempre lutei pelas ideias, pois as ideias ficam, elas valem muito mais que qualquer riqueza. Gosto das ideias, pois elas simplesmente me contagiam. Abraço as ideais e simplesmente sigo, prossigo. O resultado vem depois. Não contenho nada. Falo de minhas mágoas, de nossos desafios, de nossos desaforos de nossos sonhos e esperanças. Obrigado a todos — encerrou.
O Grupo Zanzar, a Orquestra Voadora e a Cia Aérea, além do Grupo É de Samba que elas Querem, participaram da homenagem a Maria Juçá
Uma trajetória de sucesso
Formada em Comunicação Social, Juçá como é popularmente conhecida é escritora, produtora cultural, radialista e acima de tudo, uma pessoa inquieta. Nascida em Imbituba, Santa Catarina, mudou-se para o Rio, em 1969, aos 20 anos, iniciando uma carreira de sucesso e plenitude.
Em 1982 trabalhava como coordenadora de promoção da Rádio Cidade FM e do Jornal do Brasil. A partir de 1991 atuou como produtora artística do Circo Voador, após a sua transposição para o bairro da Lapa, no Centro do Rio de Janeiro.
Entre os anos de 1982 e 1985 criou o projeto musical “Rock Voador”, no Circo Voador, lançando bandas e artistas do ‘rock’ nacional. O evento contava com a parceria da Rádio Fluminense, “A Maldita”, que tinha uma programação voltada ao ‘rock’ mundial.
Em 1986 coproduziu o CD “Obina Shok”, primeiro disco homônimo da banda brasiliense. O disco contou com as participações de Gilberto Gil, Gal Costa e Repolho na faixa “Vida”, parceria sua com Roger Onanga, música de trabalho e sucesso nacional na época.
A partir do ano de 1991 passou a dirigir o Circo Voador. Em 2014, lançou o livro “Circo Voador — A Nave” (Editora do Autor) no qual contou parte de sua experiência como diretora artística do espaço entre os anos de 1991 e 2014. Criou ainda o Distrito Cultural da Lapa e trabalhou no Parque Lage, MAM - Museu de Arte Moderna -, Paço Imperial e Projetos Culturais da UNICEF
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