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Virgilio Virgílio de Souza

Que a beleza dos Arcos não esconda a esculhambação da Lapa...

Prefeitura pinta os Arcos, cuida do lixo, persegue ambulantes, mas faz "vistas grossas" em relação ao barulho e mesas e cadeiras nas calçadas


Os funcionários da Comlurb trabalham duro na limpeza da Lapa, mas enfrentam o descaso de alguns comerciantes que depositam o lixo que produziram pela madrugada após a limpeza já ter sido realizada

Os diversos órgãos da prefeitura e os muitos colaboradores do prefeito Eduardo Paes estão juntos, mas não estão misturados. Enquanto a Secretaria de Obras realiza um trabalho que, embora lento, parece que vai devolver a beleza dos Arcos da Lapa, antes sujos e parecendo abandonados e a Comlurb realiza cotidianamente um trabalho exemplar, para desespero dos moradores, outros órgãos deixam em muito a desejar.

A SEOP - Secretaria e Ordem Pública -, por exemplo, apesar do deslocamento de vários guardas e agentes de fiscalização e até um caminhão para recolher mercadorias de ambulantes, não consegue coibir o excessivo número de mesas e cadeiras nas calçadas, o barulho infernal de casas de “shows” e restaurantes que invadem a madrugada não deixando ninguém dormir ou descansar em paz. Não bastasse isso, não conseguem também identificar alguns comerciantes que, quando fecham seus estabelecimentos, recolhem as mesas e cadeiras e entopem as calçadas com muito lixo.

Sem qualquer respeito para com a cidade donos de bares, restaurantes e casas de shows entopem as calçadas de lixo


Moradores não só da Lapa, mas diversos outros bairros estiveram reunidos com o prefeito Eduardo Paes no último dia 25 de fevereiro, que ficou de tomar providências e agendou um novo encontro para o início de maio para voltar a discutir o assunto. Além disso, os moradores realizaram uma Audiência Pública no dia 25 de março na Câmara, convocada pelos vereadores Paulo Pinheiro (PSOL) e Rogério Amorim (PSL). No encontro a principal denúncia foi exatamente o barulho e a invasão das calçadas por mesas e cadeiras.

A Lapa, maior ponto de visitação turística da cidade durante à noite e terceiro destino durante o dia, se transformou num capítulo especial para Eduardo Paes e todo seu secretariado, principalmente, os que concorrem nas eleições de outubro. O prefeito, por um lado, sabe que tem que pensar nos moradores e na tranquilidade das pessoas, mas por outro, é pressionado por alguns comerciantes que vivem de pires nas mãos, sempre reclamando do baixo faturamento, usando o argumento de que precisam reaquecer a economia principalmente após a pandemia.


O caminhão da Comlurb reprime ambulantes recolhendo suas mercadorias, mas não demonstram a mesma disposição com o excessivo número de mesas e cadeiras sobre as calçadas


Um estado de caos

Mas nem só de barulho, mesas e cadeiras nas calçadas vive a Lapa. O bairro é um retrato perfeito da letra da música "Rio 40 Graus - Cidade Maravilha Purgatório da Beleza e do Caos" de Fernanda Abreu. Assaltos, população de rua, pedintes por todos os cantos e ruas totalmente alagadas em dias de chuva é uma realidade cotidiana e permanente.

A situação ficou ainda mais delicada depois que a SEOP, atendendo aos comerciantes, decidiu reforçar a fiscalização e aumentou o efetivo da Guarda Municipal entre 18h e 2h30 da madrugada, exatamente quando os bares e casas de ‘shows’ estão abertos. Depois disso — entre 3h às 8 da manhã —, todo entorno dos Arcos vira uma terra de ninguém com muitas brigas, uso de drogas, sexo ao ar livre e os ambulantes, que até esse horário são coibidos, voltam com força total com suas caixas som e estendem a baderna em alguns dias, até às 8h da manhã.


Moradores em situação de rua transformam os Arcos em hotel a céu aberto. Em dias de chuva os bueiros não comportam a força das águas e as ruas ficam totalmente inundadas.

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