Santa Teresa: moradores farão ato nesse 27 de agosto
O ato será em memória do motorneiro Nelson Correia da Silva e outros seis mortos na tragédia de 2011, pela manutenção dos bondinhos e pela volta da linha Paulo Mattos
O Festival Artes de Portas Abertas, que esse ano comemorou 30 anos, tornou Santa Teresa em um bairro internacionalmente conhecida pela grandeza e pluralidade de seus artistas. Na mesma proporção, o ato denominado “Marco 27” tornou Santa Teresa um lugar internacionalmente conhecido pela resiliência e determinação de seus moradores, pessoas combativas, aguerridas e sensíveis.
Aguerridas, pois apesar de todo descaso do poder público - leia-se governo do Estado - permanecem na luta pela preservação do centenário sistema de bonde, patrimônio maior do bairro. Sensíveis, por celebrarem de forma carinhosa e fraterna o luto pela passagem do motorneiro Nelson Correia e outras seis pessoas que morreram na tragédia de 27 de agosto de 2011. Uma tragédia anunciada em razão dos muitos avisos dos moradores. Uma tragédia que só ocorreu em razão da irresponsabilidade do governo com o insano desejo de privatização.
O “Marco 27” que esse ano chega em sua décima segunda edição, é mesmo isso: um misto de esperança e lembrança. Esse sábado, 27 de agosto de 2022, não será diferente. A exemplo dos anos anteriores, os moradores preparam uma série de atividades para relembrar a data da tragédia e manter viva a luta pelos bondinhos. Um bairro, que, se por um lado, estará permanentemente de Portas Abertas para as artes, por outro, estará sempre de peito aberto na luta por seus direitos e também celebrando de luto pelas vitimas do descaso governamental.
Programação
Sábado dia 27 de Agosto:
11h às 13h – Ato no local da Tragédia
15 às 18h – Cortejo com concentração em frente à Oficina dos Bondes, na Rua Carlos Brandt, em direção ao Largo das Neves
18h – Ato Público e encerramento com Batalha das Rimas com a Roda Cultural Canta Teresa e Folha Seca.
Domingo - Dia 28 de agosto:
11h - Missa na Igreja Anglicana em memória das vítimas do tragédia.
Uma esperança no ar...
Desde a tragédia de 27 de agosto de 2011, os moradores de Santa Teresa vivem o melhor momento em relação ao governo do Estado e mais especificamente com Central Logística – Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística -, responsável pela administração dos bondes. A Central sempre prometeu, protelou e o que fez em relação aos bondinhos foi em razão de uma determinação judicial de 2009, determinando a recuperação de todo sistema de bondes. O governo do Estado em diversas ocasiões recorreu, ganhou tempo, mas sabe que tem que cumprir o que a justiça impôs.
Pela primeira vez nos últimos anos há uma esperança no ar. Desde que o advogado Flávio Vieira assumiu o cargo de diretor-presidente da Central, em abril desse ano, vem mantendo um diálogo franco e aberto com os moradores e demonstrado extrema boa vontade na resolução dos problemas. Na última quarta-feira, (10 de agosto), acompanhado de engenheiros e outros colaboradores, esteve na garagem dos bondes, no Largo do Guimarães, conversou longamente com os moradores e manteve o prometido em encontros anteriores.
Em encontro com moradores o diretor-presidente da Central Flávio Vieira (de terno preto), falou da intenção de reformar a garagem dos bondes e do início das obras do ramal Paula Mattos o mais rápido possível
Sua disposição é de melhorar todo sistema de bondes, a começar pela reforma da garagem localizada no Largo dos Guimarães e fazer voltar a circular o ramal Paula Mattos. No encontro, a principal notícia que trouxe, foi a de que a empresa que executava as obras ter entrado em acordo com a Secretaria de Transportes para dar continuidade às obras, dependendo apenas de entraves burocráticos.
Essa concordância é importante, pois caso houvesse uma ruptura de contrato, o Estado teria que realizar uma nova licitação, o que demandaria no mínimo três meses de espera. Para agilizar o processo, a AMAST – Associação de Moradores de Santa Teresa -, se mostrando ciente da realidade e dos entraves burocráticos encaminhou um documento à Procuradoria Administrativa do Estado solicitando prorrogação do contrato.
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