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Virgilio Virgílio de Souza

Sem mencionar calote de 2016, Eduardo Paes lança edital de fomento à cultura para 2021

Edital vai disponibilizar R$ 20 milhões

a 300 projetos de todas as áreas da cidade.


Um prefeito bem humorado, de alto astral, provocador e que se mostrou cheio de esperança no futuro. Essa a postura de Eduardo Paes na manhã desta quarta-feira, no Museu do Amanhã, na Praça Mauá quando foi lançado o Edital FOCA – Fomento à Cultura Carioca -, um edital que prevê a distribuição de 20 milhões para as várias atividades culturais da cidade. Animados por uma apresentação da Orquestra da Maré, o auditório tinha um bom público que só não foi maior devido às medidas sanitárias e os cuidados tomados em razão da pandemia.

Além de exaltar a importância da cultura para a cidade, Paes disse ter o sonho de que quando tudo isso passar, num momento pós-pandemia, quer promover uma grande festa com a participação dos mais diversos setores da cultura carioca chegando a cogitar a possibilidade de decretar um feriado. Entusiasmado, não perdeu a oportunidade de alfinetar o ex-prefeito Marcelo Crivella e aqueles que permanentemente fazem ataques contra a cultura:


- As pessoas adoram o Rio por esse espírito que o carioca tem de cordialidade e por sua produção e pluralidade cultural. O vírus nos emperrou porque ele vai exatamente em sentido contrário a esse espírito carioca. O ensinamento que tirei desse tempo difícil que vivemos é que a cultura, por sua potencialidade, por sua força sofreu e continua sofrendo vários ataques por parte de alguns segmentos. É algo nunca vi. O Brasil é reconhecido por sua alegria, sua esponteidade, sua alegria e é exatamente isso que vem sendo atacado. Difícil entender pessoas que combatem a alegria, a energia, a potencialidade cultural que temos. Passamos por um período de um prefeito mais anticultura e temos que recuperar esse tempo.


O início do reinicio

O prefeito considerou o lançamento do edital como o início do reinício da produção cultural da cidade. Falou da importância da cultura para o Rio de Janeiro e garantiu que se a vacinação contra a pandemia continuar avançando a realização do carnaval será uma realidade


- O lançamento desse edital é o início do reinício de nossa produção cultural. É um marco importante. O Rio por sua diversidade representa exatamente esse centro de diversidade cultural do país. Obedeço e respeito as determinações de nossos médicos, e não farei nada que eles não recomendarem, mas sou um otimista e acredito que teremos carnaval em 2022. Todos os históricos de outras pandemias nos dão essa garantia. 2022 será um ano de celebração e alegria e a cultura é fundamental nesse processo. Não tenham dúvidas que voltaremos a ter o maior orçamento da cultura no Brasil.

Faustini:

Depois do apocalipse ao recomeço


O Secretário de Cultura Marcus Faustini que falou antes de Eduardo Paes, não poupou elogios ao chefe. Afirmou ainda, que o edital é fruto de muita escuta e que o lançamento do edital representa um recomeço para a cultura da cidade que passou por um apocalipse:


- Quero agradecer ao prefeito e dizer que trabalhar com o “senhor” é um aprendizado. Vamos apostar nesse recomeço da cultura depois de uma pandemia que veio somada a uma crise fiscal. Fico feliz, pois é uma reposta àqueles que acham que uma pessoa periférica não sabe fazer gestão – Faustini é um produtor cultural oriundo da periferia. Esse recomeço vem depois de muita escuta. Esse título “FOCA" – é engraçado e curioso, mas é mesmo para a gente focar na cultura. Esse edital é a possibilidade de um recomeço. Nossa cultura está muito machucada e a esperança é voltarmos ao lugar de protagonismo que sempre tivemos.


Fomento quer contemplar

todas as áreas da cidade


O fomento lançado nessa quarta-feira pela Secretaria Municipal de Cultura, tem por objetivo disponibilizar R$ 20 milhões a 300 projetos de todas as áreas da cidade. A proposta dos dois principais eixos são os seguintes: diversificar as categorias do projeto e, descentralizar/democratizar o acesso por territórios.


No primeiro eixo, o objetivo é selecionar e apoiar 184 propostas em 12 categorias: teatro, circo, artes visuais, arte antirracista, produções LGBTI+, artes urbana e pública, cultura popular, música, literatura, infância, dança e pesquisa & inovação.


Nesse primeiro eixo, podem participar pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos), Microempreendedores Individuais (MEIs) e pessoas físicas – neste caso exclusivo para a categoria pesquisa & inovação. Os contemplados poderão ser apoiados com, no mínimo, R$ 25 mil e, no máximo, R$ 200 mil, cada.


O segundo eixo fomentará as relações entre cultura e território, potencializando a cena artística em regiões populares da cidade. Serão distribuídos R$ 4 milhões a 120 projetos, em duas categorias: favelas da Zona Sul e do Centro (APs 1 e 2 ) e localidades da Zonas Norte e Oeste (APs 3, 4 e 5), com exceção da Barra e Jacarepaguá. Podem participar pessoas físicas ou jurídicas, incluindo MEIs, com residência e atuação cultural nestes territórios há pelo menos um ano. O valor para cada proposta selecionada vai variar entre R$ 25 mil e R$ 50 mil.


Os Proponentes dos dois eixos terão 45 dias a partir da data de publicação do edital, para a inscrição. Nas duas primeiras semanas, a Secretaria Municipal de Cultura fará uma campanha de mobilização inédita para alcançar um maior número de inscritos no edital. Serão realizados encontros e "lives" para estimular as inscrições de artistas, produtores e agentes culturais.

Uma grande novidade nesse edital é a seleção de uma comissão de seleção composta por 60 especialistas. A previsão de repasse do recurso é até dezembro de 2021. Os contemplados terão até um ano para executar e apresentar o projeto.

Calote , Crivella e pandemia

O prefeito apesar de lamentar o vírus, a pandemia, as pessoas que atacam a cultura e o ex-prefeito Marcelo Crivella, se esqueceu de mencionar que a crise na cultura carioca começou ainda em sua gestão em 2016. Por isso, nosso Exmo. Prefeito preocupado com as questões culturais, deve ter tido momentos de constrangimento ao ter que olhar – olhos nos olhos -, para muitos artistas selecionados, que ficaram de pires nas mãos em 2016. Certamente muitos dos que estavam ali, se manifestaram contra o calote que receberam da prefeitura e, na ocasião, participaram da rasteg #PAGAOFOMENTOPREFEITO.


Em nenhum momento do lançamento do novo edital, Eduardo Paes se justificou ou mencionou a razão do pagamento não ter sido realizado. Na ocasião, o edital teve 2.480 inscritos, com 204 sendo selecionados mas que nunca viram um centavo ou tiveram qualquer justificativa da prefeitura. A responsabilidade moral do pagamento era do então prefeito Eduardo Paes, mas seu candidato à prefeitura Pedro Paulo – que esteve na cerimônia de lançamento desta quarta-feira - sequer chegou ao segundo turno, com as eleições sendo decidida entre Marcelo Freixo e Marcelo Crivella.


O dublê de bispo e prefeito que deixou a prefeitura envolvido em esquemas de corrupção manteve o calote e, pode sim ser chamado de “prefeito anticultura”, pelo abandono no qual deixou os equipamentos culturais e pelo desprezo para com a nossas atividades culturais, por misturar cultura com religião e em momento algum prestigiar as manifestações de matrizes africanas. Se Crivella for nomeado de “prefeito anticultura” por ter dado calote, Eduardo Paes também merece esse título, pois ele iniciou o calote.

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