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Um permanente confronto de ideias

Atualizado: 20 de out. de 2021


Três deputados de esquerda - Mônica Francisco, Dani Monteiro e Waldeck Carneiro - falam sobre o que mais incomoda no discurso da direita e, três parlamentares de direita - Anderson Moraes, Marcos Pacheco e Rosane Felix -, o que mais incomoda na ideologia da esquerda


Da tribuna vale tudo: os discursos são inflamados e as acusações e insinuações muitas vezes não assumidas ficam no ar. O importante é impacto e o que se fala para agradar seus eleitores e, até quem sabe, atrair novos simpatizantes. Assim acontece na ALERJ – Assembleia do Estado do Rio de Janeiro – e praticamente em todos os parlamentos do mundo, onde as trocas de farpas entre esquerda e direita é uma constante. Apesar da educação, da delicadeza, de todas as vênia, e principalmente, do Código de Ética, a ideologia e o pensamento dois dois lados, são águas que não se misturam


Para entendemos um pouco mais essa distância de pensamentos ouvimos seis deputados três da esquerda – Waldeck Carneiro (PT) Monica Francisco e Dani Monteiro (ambas do PSOL), e outros três da direita – Marcos Pacheco e Anderson Moraes (ambos do PSL), Rosane Felix (PSD). Com calma, longe da empolgação da tribuna eles falaram sobre o que mais os incomoda no no discurso do campo politico adversário.


Águas e ideologias que não se misturam

Mônica Francisco, Anderson Moraes e Dani Monteiro em campos opostos


"Um filme de terror que nega a realidade"

Monica Francisco


"Me incomoda muito a negação à realidade em relação à situação que o Brasil se encontra. O discurso de uma grande maioria dessas pessoas vai exatamente em sentido contrário a tudo que vivemos no cotidiano. Como num filme de ficção, vivem numa realidade paralela, um mundo de delírios, de omissões onde se esconde a verdade para defender o paraíso que acreditam existir.

Há nessa gente, um discurso fantasioso, que não reconhece a existência da miséria, das pessoas dormindo embaixo das marquises, revirando lixo, comendo ossos. Não percebem a dura realidade da pobreza que assola milhões de pessoas, dos gráficos e números que estampam em nossas caras que, lamentavelmente, voltamos a ocupar o “Mapa da Fome”.

Nesse mundo paralelo vale tudo. A realidade nos mostra uma pandemia matando milhões de pessoas, mas tentam amenizar. A ciência cria uma vacina que pode ajudar a combater esse mal e negam os cientistas e a ciência. Nesse filme paralelo, na verdade, um filme de terror e um círculo de terrores, se dizem Cristãos, mas fazem arminhas com a mão e acham que aqueles quem não pensam da mesma forma devem ser aniquilado"


“Delírios por uma liberalidade exagerada

Anderson Moraes (PSL)


"Penso que esse discurso, esse embate entre a direita e a esquerda fica muito para a classe política e para intelectuais. A população, a sociedade em sua grande maioria não está preocupada ou focada em quem é de direita ou quem é de esquerda.

Me causa indignação nesses representantes da esquerda o fato de dizerem que vão combater a corrupção. Como podem achar que têm moral ou credibilidade de falar em combater a corrupção depois de tudo que fizeram. Tem também essa coisa do delírio por uma liberalidade exagerada onde vale tudo. Defendem o aborto, a liberalização da maconha e atacam de forma frontal a família tradicional, Vivem m mundo de delírio e completamente desconexo da realidade".


"Um discurso de ódio que fragiliza a democracia"

Dani Monteiro


"O que me deixa perplexa e acho extremamente constrangedor é o discurso sem qualquer embasamento e conhecimento em relação ao que pretendem defender. São pessoas lamentáveis, de discursos vazios, desconexos, que não resistem sequer a uma pesquisada no Google. Falam sem nenhuma certeza, clareza e segurança sobre diversos temas e o pior de tudo isso, é que em meio a essa confusão de ideias e discursos, propagam o ódio pelo ódio, a segregação, a intolerância. Com isso, surge a fábrica de Fake News.

Figuras que não sabem nada sobre educação, querem ensinar aos professores, que não entendem rigorosamente nada sobre a ciência, mas adotam posições negacionistas e querem questionar a ciência e os cientistas. Tudo isso vem embalado por um discurso de ódio racial, contra as mulheres, contra as pessoas mais humildes, contra qualquer forma e opção sexual que não lhes agrade. Tudo isso, fruto da falta de respeito e empatia para com o outro. Pior de todo esse contexto é que a somatória de todos esses discursos truculentos, dessas atitudes sem qualquer bom censo, acabam por fragilizar a democracia um bem precioso e que demoramos a conquistar".




Rosane reclama do "mi mi mi" da esquerda, Waldeck recomenda leitura para a direita e Marco Pacheco embora se diga de Centro, acha que a esquerda rotula demais as pessoas


"A esquerda vive de vitimismo de coitadismo e de 'mi mi mi"

Rosane Félix (PSD),


"O que mais me causa repulsa na esquerda é a contradição, a hipocrisia de pessoas que falam uma coisa e vivem outra. Em qualquer situação criam um vitimíssimo enorme, um “coitadísmo” muito grande. Fazem um discurso socialista, mas desfrutam das benecesses do capitalismo sem nenhuma cerimônia. Afirmam, por exemplo que a população não deve ter o direito de portar armas, mas as principais lideranças vivem cercados de seguranças muito bem armados. Dizem que defendem a democracia, mas apoiam ditaduras como as existentes em Cuba, ou Venezuelana. Também me agride o radicalismo sobre questões como a ideologia de gênero, a necessidade da desconstrução da família original, a implicância com os princípios cristãos e a tentativa de doutrinar nossas crianças.

Acham que todos devem pensar da mesma maneira que eles, e quando isso não acontece vem um festival de “mi-mi-mi” uma “mimizada” contra as pessoas que pensam de forma diferente.


“Intolerâncias e desprezo à democracia”

Waldeck Carneiro


Me causa estranhamento o desprezo à democracia, as várias formas de intolerância, o discurso de ódio, e a falta de respeito com as diferenças que levam à discriminação contra vários setores da sociedade.

Não respeitam, ofendem, menosprezam e chegam a agredir pessoas com uma outra opção sexual. A intolerância religiosa de alguns que tentam obrigar que as pessoas aceitem e siga suas crenças. Me causa perplexidade o desprezo à pobreza, a forma rude e injusta com que tratam os mais pobres. As pessoas mais humildes na maioria das vezes são marginalizadas e parece que existe a clara intenção é excluí-las da sociedade.

O que percebo é que falta informação, falta conhecimento. Seria preciso mais leitura, mais aprendizado para entender a realidade que vivemos.

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“Há na esquerda uma necessidade de rotular”

Marcos Pacheco

"É bom que fique claro que não me considero uma pessoa de direita e sim de Centro. O que observo e o que me causa espanto nos mais radicais de esquerda é a necessidade de rotular, de marginalizar àqueles que não pensam da mesma forma que eles. Nesse campo da esquerda, ficou normal chamar os que não compartilham de seus pensamentos de fascista, machista e coisas do gênero.

A narrativa da esquerda ficou estática, é a mesma, não muda. Acusam demais. Existem algumas pautas da esquerda com as quais não concordo, mas existem outras que estou de pleno acordo, como por exemplo o respeito a diversidade sexual, o casamento homoafetivo e mesmo o sistema de privatização que deveria ser muito bem pensado antes de colocado em pratica".








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