Uma cidade bagunçada
- Virgilio Virgílio de Souza
- 25 de jun. de 2022
- 4 min de leitura
Comissão Especial de Desordenamento Urbano deixa claro que um dos principais objetivos: "Essa Comissão tem, a finalidade de acompanhar, estudar e analisar medidas de proteção ao silêncio urbano como item de saúde pública"

Marcos Paulo, Paulo Pinheiro e Chagas Bola prometem trabalhar em sintonia com os moradores em relação ao caos que a cidade se transformou com o excessivo número de mesas e cadeiras sobre as calçadas e muito barulho
Comissão vai expor baderna em que a cidade se transformou
Foi instalada oficialmente na última quinta-feira (22), a denominada “Comissão do Desordenamento Urbano”, que tem como principal objetivo combater o excessivo número de mesas e cadeiras sobre as calçadas e o barulho infernal que não permite ninguém dormir ou descansar em paz. São integrantes os vereadores Paulo Pinheiro (PSOL) que é o presidente e Marcos Paulo (também do PSOL) e Chagas Bola (União Brasil).
Mesmo antes da instalação da Comissão, vereadores de diferentes partidos admitem que receberam nos últimos meses muitas reclamações vindas de todos os bairros. Não sem razão: indignados e com os nervos à flor da pele, moradores de diversas Associações de bairros e mesmo muitos que não participam de Associações, além de representantes da entidade civil resolveram agir, buscar uma solução e serem mais contundentes em suas ações.
O primeiro passo será um encontro com os representantes da Comissão para criar uma linha de atuação conjunta. A primeira sugestão é agendar “visitas surpresas” nos pontos mais conturbados, que causam maiores transtornos, dentre eles Lapa, Botafogo, Gávea, Jardim Oceânico e Leblon. Os moradores querem filmar a baderna total que se instalou e expor essas filmagens nas redes sociais.
Em paralelo a isso, vão procurar os grandes veículos de comunicação para denunciar a baderna e recorrer ao Ministério Público para obrigar ao prefeito e a Câmara dos Vereadores conseguirem solucionar o problema. Há ainda um grupo de moradores mais irritados cuja proposta é que sejam realizados atos conjuntos e sejam interditadas algumas das principais vias de bairros da cidade para se protestar contra o barulho.
Presidente da Comissão Paulo Pinheiro afirmou serem muitas as demandas dos moradores e que algo precisa ser feito:
— Já foram realizadas duas audiências e ficou clara a insatisfação e indignação dos moradores. Ninguém é contrário aos bares e restaurantes, o que os moradores desejam é ordenamento e que possam dormir e descansar em paz. Vamos marcar um encontro nos próximos dias para sabermos exatamente de que forma pretendem encaminhar essa luta – afirmou.

Vereadores na mira dos moradores
Um dos objetivos das Associações de Moradores e de representantes da entidade civil, é obrigar o prefeito Eduardo Paes que posterga e vive num marasmo total, tratando o assunto como se não existisse, a tomar uma decisão. Também na mira, os parlamentares, principalmente, os da denominada “Base Aliada” que sempre votam conforme os desejos do prefeito em troca de favores — indicações a cargos, podas de árvores e asfaltamento de ruas — e fazem rigorosamente tudo que o prefeito determina.
A bronca com os vereadores é em razão da confusa Lei 226 de autoria do vereador Rafael Aloísio de Freitas aprovada por maioria na Câmara em março de 2021 que flexibilizava o uso de mesas e cadeiras nas calçadas. Com o argumento de compensar os comerciantes que haviam sofrido grandes perdas com a pandemia a lei escancarou as portas da baderna, pois com o excessivo número de mesas, vieram as rodas de samba, pagode, caixas de som e os aparelhos de televisão para os jogos de futebol. Resultado: a lei entrou por uma porta e a paz dos moradores saiu por outra.
Com a pressão dos moradores que em diversas ocasiões já manifestaram o desejo que a lei seja revogada totalmente, alguns parlamentares até admitem que os moradores não podem ser prejudicados, e que a Lei tem que ser rediscutida, mas entretanto, não fazem rigorosamente nada. Uma posição que, para os moradores, os mantém em cima do muro fazendo média com o prefeito e tentando agradar tanto aos comerciantes quanto aos moradores.
Omissão e marasmo de Eduardo Paes

O que mais incomoda as lideranças que se opõe ao barulho na cidade, é a omissão e o marasmo de Eduardo Paes que, tem a obrigação de equacionar e dirimir os problemas da cidade. Em nome da pandemia o prefeito sancionou a lei aprovada pelos vereadores sem pensar nas consequências que ela poderia trazer. Optou em prestigiar os donos de bares e restaurantes em detrimento aos moradores.
O prefeito não pode sequer alegar que desconhece o problema e o incomodo que a polêmica trouxe para a cidade. No dia 24 de fevereiro, Paes acompanhado de seus colaboradores, dentre eles, o secretário de Ordem Pública Brenno Carnevali recebeu mais de 100 moradores e representantes da sociedade civil, principalmente da Barra da Tijuca, Flamengo, Laranjeiras, Glória, Botafogo, Centro, Santa Teresa, Méier, Tijuca e Ilha do Governador e, para a surpresa de todos, demonstrando estar totalmente perdido declarou:
“Me encontro diante de uma situação delicada e não sei exatamente o que fazer. Fui pressionado pelos donos de bares e restaurantes que reclamam dos efeitos da pandemia e, em razão disso, sancionei a lei. Vou discutir com meus colaboradores e encontraremos uma solução para o problema. No início de maio faremos um novo encontro” — afirmou.
As declarações do prefeito sensibilizaram porque pareceram sinceras, mas não demorou muito tempo para os moradores se sentirem ludibriados. O encontro prometido para o início do mês, só marcado para o dia 27 , as acabou cancelado e remarcado para o dia 06 der junho, encontro também desmarcado e remarcado para o dia 16 de junho (feriado de Corpus Christi). Essa reunião também foi desmarcada e um novo encontro ainda não foi agendado.

Comments